Inter de Milão leva projeto ‘Inter Campus’ para Kelson’s, reúne mais de 50 crianças e incentiva leitura

O projeto social sem fins lucrativos visa incentivo ao esporte e à cultura  

 Ser jogador de futebol é o sonho de quase toda criança, e na Comunidade da Kelson’s, na Maré, isso não é diferente. Mesmo sofrendo com a violência como em todo o Estado do Rio de Janeiro, a comunidade é repleta de meninos que tem o amor pelo esporte no DNA e que estão sempre com as bolas nos pés no campo de terra batida da favela e cheios de planos para serem novos craques da bola. 

Através do time italiano Inter de Milão, essas crianças possuem mais um motivo para sonhar com o futebol: o projeto Inter Campus, que foi fundado em 1996, pelo então presidente do clube Massimo Morrati, visa levar toda assistência necessária às crianças que vivem em comunidades e sonham em viver do futebol. O projeto que não tem fins lucrativo, e tem o reconhecimento da ONU distribui uniformes para as crianças e tem no seu lema que só é craque na bola, aquele que também é craque na escola. 

O jogador Xandinho treina no time. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

O Inter Campus atua em inúmeros Estados, e através do seu coordenador no Brasil, Hildebrando Gonçalves Rodrigues, cada vez atinge o maior número de crianças em comunidades carentes desse tipo de incentivo no solo brasileiro. No Rio de Janeiro, o projeto ainda conta com o auxílio do coordenador local Fábio Pinheiro, e na Kelson’s, as aulas ficam por conta do professor Anderson Jedai, que além de ser um amante do esporte é também poeta e cria da comunidade. 

O professor Anderson Jedai é poeta e instiga a leitura. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Teste 3

‘É muito legal ver que hoje atendemos 50 crianças cheias de sonhos e que chegam aqui nos sábados querendo muito jogar. O apoio da Inter Milão é muito bom, eles estiveram aqui na Kelson’s há uns dois meses, trouxeram todos os uniformes, viram de perto. No meio do ano eles virão novamente para ver como está o projeto e renovar os uniformes da molecada’, contou Jedai. 

As aulas reúnem crianças de 07 aos 15 anos todos os sábados de 9h ao 12h, e entre uma jogada e outra, há também o incentivo à leitura, e ao final de cada treinamento, o professor Anderson Jedai leva um livro para cada um dos alunos lerem um trecho e conversarem sobre isso.  

‘A leitura amplia a capacidade criativa da criançada, então, eu trago um livro, vou chamando as crianças para ler. Quando algum lê algo errado, chego perto ensino o certo e peço para ler de novo, se algum ri, já chamo para ler também. Minha ideia é transformar a leitura em paixão para essa criançada’, ressaltou Jedai. 

Mãe do jovem Jonathan Felipe, a dona de casa Midian Alves contou que o filho ama futebol e que o projeto é um presente para a comunidade. ‘É muito bom ver meu filho fazendo o que gosta e ocupando a mente com coisa boa, a realidade da favela você qual é, então enquanto ele tá no campo jogando eu fico feliz e isso ainda ajuda ele na escola, porque quando começa de preguiça falo que senão for bem na escola, não pode jogar’, contou ela. 

Esperto e todo alegre, Guilherme de 07 anos é um dos meninos beneficiado pelo projeto, e entre uma conversa e outra sobre o sonho do futebol, perguntava sempre que horas eles iam pro campo mostrar pra equipe do Voz como sabiam jogar. ‘Vocês vão ver a gente jogar né? Sou fã do Lucas Paquetá, jogo no meio, e quando não  aqui jogando bola,  jogando bola nem que seja em casa. Futebol é muito bom, eu quero jogar no Flamengo e no Maracanã.’, sonha ele. 

Janete é mãe de Pedrinho e diz que o filho é muito dedicado no esporte. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

 Janete Alves, mãe do Pedrinho, que segundo ela respira futebol contou que esse projeto para as crianças é um grande alívio para as mães que veem seus filhos aprendendo coisas boas e felizes fazendo o gostam. ‘Pra gente é uma realização né? Ele vai mais empolgado pra escola e fica contando os dias para estar aqui no sábado e tem que ver o cuidado com esse uniforme. É bom ver meu filho e as crianças daqui tendo algo legal pra fazer’, disse Janete.

O projeto busca parcerias com times cariocas. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Empolgado com o projeto, Pedrinho fez coro à fala da mãe e revelou a vontade de atuar no Flamengo e admiração por Lucas Paquetá, que é unanimidade entres os meninos. ‘Futebol é muito né, se eu pudesse jogava o dia todo. Se eu não estou aqui to em casa jogando ou vendo jogo e gosto do Paquetá, sou atacante quero fazer gol por aí e jogar no Flamengo. Quando fui no Maracanã fiquei doido, queria entrar no campo’, contou ele com os olhos brilhando. 

Além de todo o apoio do time italiano, o projeto também vem buscando parcerias com times cariocas como Flamengo e Fluminense que já visam uma peneira com esses talentosos meninos cheios de sonhos e com o futebol pulsando nas veias.  

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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