Uma casa rosa, muitas plantas no quintal, uma cadeira suspensa na varanda e uma vista panorâmica para o mar: esse é o visual do Espaço Jardim Babilônia, na rua Santo Amaro, no morro da Babilônia. Uma casa colaborativa de trabalho que abriga diferentes projetos de vários ramos: sociais, ambientais, de arquitetura, moda, artes plásticas, produção audiovisual, eventos e gastronomia. Os projetos são, na sua maioria, liderados por moradores do morro.
A casa era de Dona Amélia, avó de Álvaro Maciel Júnior, que hoje é o dono do espaço e coordena as atividades. Primeiro o lugar foi um hostel, e há dois anos funciona no sistema de casa colaborativa de trabalho. Cada projeto tem um espaço para fazer seu escritório ou ateliê, e há também projetos que dividem a mesma sala.
Criando uma rede de trocas com profissionais de diferentes áreas que convivem diariamente, o Jardim Babilônia tem a vantagem de ficar dentro da própria comunidade, facilitando o acesso das pessoas da área. “Fazer parte de um espaço como esse é interessante pelo fato de ser perto da minha casa e ter uma estrutura incrível; mas além disso, tem também a importância de ficar no lugar onde cresci, me liga às minhas raízes. Trabalhando aqui eu sei que as pessoas entendem as dificuldades de tocar um negócio, por exemplo. É um privilégio” – conta Gabriela Monteiro, designer de moda e diretora criativa da marca homônima de roupas e acessórios, um dos projetos residentes da casa.
Teste 3
Regina Tchelly, chef de cozinha autoditada, coordenadora do projeto Favela Orgânica, é outra mulher que hoje ocupa um dos cômodos do Jardim Babilônia: a cozinha. Oficinas, palestras e comidas são produzidas no local, aplicando os conceitos de consumo consciente e gastronomia alternativa. A chef explica: “Não é reaproveitamento de alimentos, palavra que, para muitos, dá a entender que reciclamos alimentos retirados do lixo, o que não é o caso. A metodologia é o aproveitamento total das frutas, legumes e verduras, da raiz à polpa”. Além dos ensinamentos práticos na cozinha, o projeto – que existe há seis anos – também oferece oficinas de compostagem e criação de hortas em pequenos espaços. Aos domingos tem almoço no Jardim Babilônia feito por Regina e equipe. O cardápio vai de risoto de casca de melancia a yakissoba de carne de jaca. O trabalho do Favela Orgânica também pode ser acompanhado no programa Amor de Cozinha, toda quinta-feira, às 11h, no canal Futura.
Na casa, que não para de crescer, há outros projetos residentes, como o Revolusolar, que trabalha com eficiência energética por meio de implantação de painéis solares nas casas dos moradores, melhorando a gestão de energia da população da Babilônia. E, ainda, entre outros: a produtora de audiovisual Quarto Zero, que tem como foco produções de ficção científica; a Trinques Arquitetura, empresa que promove a democratização e a acessibilidade de projetos de arquitetura sustentável, em comunidades do Rio de Janeiro; e a produtora Maneh Produções & Eventos, que atua na criação de eventos socioculturais para valorização da cultura local.