Não fomos avisados! – #Opinião

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As ruas da grande metrópole hoje, – infelizmente! – são tidas como locais de perigo onde, se evitarmos e ficarmos em casa por exemplo, estaremos mais seguros. Essa é a sensação de proteção e segurança que vamos adquirindo e a prática dessa condição se dá para que de fato cada um fique “dentro” de seu quadrado. Com isso, espaços públicos de lazer e diversão como praças e pistas de skates, estão cada vez menos frequentados. Assim, algumas pessoas adotam como prática, adquirir apartamentos ainda na planta com a proposta de um play bem equipado contendo minimercados, academias, salões de beleza, brinquedoteca, piscina enfim: tudo o que qualquer pessoa pode almejar e desejar. A preferência por alguns acaba sendo a praticidade em obter serviços sem se expor ao sair daquele quadrado, e também a segurança por esse espaço proporcionado. O medo se instalou na sociedade e vivemos como pássaros em suas gaiolas e “assim caminha a humanidade” disse Lulu.

Falta pouco para vivermos em um cárcere privado; ou já estamos nessa condição e não fomos avisados? A produção do medo na experiência urbana, tem colaborado para o isolamento coletivo, e a verdade é que estamos em estado catatônicos sem ação e reação frente alguns fatos. Embora tudo esteja colaborando para sermos verdadeiros refugiados segregados pela violência, alguns são felizes quando decidem buscar seu caminho estando nele próprio. Esses são os que buscam tirar o bônus do ônus pois de verdade, nem tudo está perdido! O território de favela visto e tido como lugar isolado da sociedade tem a seu modo ganhado espaço e voz frente suas demandas. Ainda assim é vista e tida por alguns como local repugnante onde as diferenças ou os diferentes dialogam entre si de forma isolada de um condomínio de apartamentos onde os muros causam essa separação. Sendo este mesmo condomínio um espaço urbano hierarquizado e segregado.

Esse limite de separação impõe o ir e vir dos diferentes sujeitos sendo essa condição de livre acesso, direito de todo e qualquer Cidadão acordo o artigo 5 da Constituição Federal de 88. Segregação essa que produz status e hierarquia onde pessoas deste contexto se colocam em posição superior aos demais. Pessoas e cidades, locais segregados tendem ao individualismo ao menosprezar, criminalizar, marginalizar rotular e estereotipar o sujeito que apenas quer “ ser feliz e andar tranquilamente na favela onde nasceu” e transitar livre, leve e solto pelas ruas de sua cidade. Esses não estão no mesmo patamar e por isso não fazem parte da high society, da nata Carioca. A separação existe e colabora para uma não autonomia gerando baixa autoestima com os então ditos favelados. Essa distância contribui para o esgotamento do “calor que provoca arrepio” e onde foi parar o Menino do Rio? Assim, a tal da segregação causa a separação devida entre diferentes pessoas e as relações humanas estão cada vez mais superficiais onde cada um está lançado a sua própria sorte – triste!

COLUNISTA CONVIDADO – Thiago Torre Forte

Teste 3

Thiago Torre Forte, 32 anos; pedagogo, psicopedagogo; graduando em psicologia com especialização em Terapia Familiar Sistêmica. Capelão e Escritor – autor do livro “Relacionamento é um confronto”. Assistente da Coordenadoria de Áreas do Conhecimento atuando na Assessoria de Planejamento (ASPLAN) da Secretaria do Estado de Educação do RJ  (SEEDUC).

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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