A estreia do filme aconteceu no sábado 06/05, no CineCarioca Nova Brasília
O filme “Somos Mais”, que aborda sob outro ponto de vista histórias sobre moradores em situação de rua, estreiou no CineCarioca Nova Brasília no sábado dia 06/05, com entrada gratuita. A promessa é de que o projeto, idealizado por Sabrina Martina e realizado junto com Luiz Rafael, provoque um novo olhar e novas reflexões e pensamentos sobre a “situação de rua”.
Quem vê a dupla de realizadores do filme, amigos-irmãos, não imagina que eles tenham apenas 19 anos. Quando a Sabrina – a mais falante da dupla – conta como a ideia surgiu, o papo é tão reto e tão cheio de convicção e humanidade que emociona e impressiona pela maturidade. Mesmo com tão pouca idade.
Teste 3
A ideia do filme nasceu em 2015. Todo dia, Sabrina fazia o mesmo trajeto para o trabalho. No caminho, via sempre um morador de rua do outro lado da calçada. Com o tempo, o senhor foi chamando a atenção da menina – negra de sorriso largo, hoje com umas tranças enormes num azul-céu inconfundível.
Segundo Sabrina, “é que ele, por morar na rua, ficava ainda mais exposto do que os outros moradores ao tiroteio, ao frio e, principalmente, à indiferença das pessoas”. Nisso, Sabrina pensou que, como não tinha recursos para ajudar, andaria na sua calçada e pelo menos ofereceria “um bom dia, um boa tarde”. A partir disso, a amizade deslanchou e os dois ficaram se falando por meses.
Num dia, aparentemente, como outro qualquer, Sabrina foi falar com ele como sempre fazia e o homem começou a chorar. Sabrina se perguntou se teria falado alguma bobagem. Pelo contrário: Seu Wilson, como ela o chama, disse que naquele dia a menina havia sido uma das poucas pessoas a falar com ele. Nascia o “Somos Mais”. Tempos depois, Seu Wilson faleceu. Só que a ideia, junto com as aulas de audiovisual, foi ficando ainda mais forte.
De lá para cá, a correria para fazer o filme foi grande. O Plano de Autonomia Territorial, o PAT, edital que apoia financeiramente projetos para que jovens desenvolvam ideias, viabilizou a produção. Sobre os desafios, Sabrina destaca a dificuldade da narrativa. “A dificuldade é de como passar essa narrativa para o público que não está discutindo isso, porque esse tema (de pessoas em situação de rua) não é discutido na favela, e por não ser discutido, não tem sequer uma política para isso, e essas pessoas acabam sendo desvalorizadas e discriminadas”.
Sabrina também conta que está aprendendo muito e que, ao contrário do que o senso comum nos diz, essas pessoas que moram nas ruas são felizes. “Eles são super abertos; em todas as conversas que a gente teve, eles nos acrescentaram muito, porque são várias reflexões, várias coisas que eles falam que tocam muito. Eles são felizes, cara. Várias pessoas que a gente entrevistou são felizes, são pessoas que ficam felizes com pouco, estou aprendendo muito”.