Casada e mãe de três filhos, Lúcia Cabral se orgulha em lutar pela comunidade onde vive
Lúcia nasceu na cidade de Itaperuá, no sertão do Nordeste Paraíba, e com 6 meses de vida foi trazida pela família para o Complexo do Alemão. Des no de muitos nordestinos, o Rio de Janeiro foi o local escolhido para fugir da seca que há anos atinge a região, junto com outras dificuldades.
‘Amo estudar. Fazia curso de várias coisas, sempre procurei me capacitar e fazer parte de movimentos sociais.’
Teve uma infância tranquila: brincava, corria e não se preocupava tanto com a violência que hoje faz parte da rotina dos moradores das comunidades do CPX. “Na minha adolescência a gente rodava o morro todo. Eu sinto falta dos bailes, cresci no samba, pagode e isso não mudou meu caráter.” – afirma Lúcia, ao dizer que respeita as culturas e acredita que o Governo deve respeitar a cultura da Favela também.
Mãe de três filhos e casada há 27 anos, ela diz que, por morar numa comunidade, no começo foi muito julgada e sofreu vários tipos de preconceitos. “Não dá para ficar julgando o favelado como uma pessoa ruim, um marginal. Imagina eu, que além de morar na favela, ainda vim do nordeste? A maioria das pessoas que estão aqui vieram do nordeste por conta da desigualdade e dos problemas sociais. São pessoas do interior em busca de qualidade de vida, só isso.”
Teste 3
Após ganhar uma bolsa de estudos, ingressou na faculdade de Assistência Social em 2008 e, em 2013, recebeu o diploma com mais de 40 anos de idade. Além de ter essa formação, Lúcia também é professora. “Amo estudar. Fazia curso de várias coisas, sempre procurei me capacitar e fazer parte de movimentos sociais. Por isso militei e me dedico a favor da educação. É através dela que crescerá o respeito pela identidade cultural.”
‘Não dá para ficar julgando o favelado como uma pessoa ruim, um marginal. Imagina eu, que além de morar na favela, ainda vim do nordeste?’
A assistente social escreveu um projeto para a fundação Ford chamado “Sexo e Vida”, que atuava com os meninos vulneráveis no território, fazendo palestras, batendo papo, distribuindo preserva vos e promovendo saúde.
Hoje em dia ela é responsável pelo EDUCAP (Espaço Democrático de União, Convivência, Aprendizagem e Prevenção) e se orgulha de poder contribuir com a comunidade onde vive. “Espero do Alemão respeito do poder público.Esse lugar tem um potencial incrível, a juventude luta para estudar, quer estar na faculdade. O interesse existe, mas falta investimento. Tem coisas erradas aqui sim, mas no máximo 1% está no erro. Independentemente disso, ninguém tem direito de julgar o favelado como a pior pessoa do mundo. Sou nordestina, sou carioca ao mesmo tempo por ser criada aqui, e sou do Complexo do Alemão com muita honra.”
‘Espero do Alemão respeito do poder público. Esse lugar tem um potencial incrível.’