Rock in Rio: Periferia metaleira! A banda Revengin se vinga de quem não acreditou

Com mais de 14 anos de existência, o grupo de metal já viajou o mundo com sua música e estreará no RIR no Espaço Favela
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

“Se você torcer contra, eu não vou ligar pro que você tá torcendo contra. E você vai ver o resultado disso!” diz a vocalista Bruna Rocha. “É o tipo de vingança que você não precisa fazer nada pra ninguém. É você mostrar quem você é, porque quem quer o teu mal, você destrói quando você tá bem!”. 

Revengin, do inglês revenging, significa “se vingando” ou apenas “vingando”. O nome é uma resposta seca e afrontosa a tudo e todos que desacreditaram no potencial da banda ao longo dos seus mais de 14 anos de existência. E essa vingança persistente e barulhenta tem rendido muitos sucessos ao grupo, até mesmo fãs improváveis do outro lado do mundo! 

Em sua trajetória, a banda Revengin já passou por diversos países, como Holanda, Polônia e Alemanha. Mas o maior palco ainda está por vir: o Rock in Rio. No próximo dia 2 de setembro, a banda se apresenta no Espaço Favela. 

“Po, mas metal no Espaço Favela???”

Teste 3

Bem, engana-se quem subestima a diversidade cultural dos nossos territórios! A Favela e a Periferia são sim muito funk, pagode, rap (a gente ama, né?), mas também é rock. E rock pauleira. Metal! A banda Revengin recebeu o convite para tocar na Holanda durante um show realizado no complexo da Maré e isso rolou lá no Metanóia Underground, um espaço cultural dedicado a bandas de rock localizado na altura da passarela 8 da Avenida Brasil (RJ).

Esses metaleiros também cortam um dobrado em diversos cantos do Rio de Janeiro. A vocalista Bruna Rocha é de Cordovil e o guitarrista Thiago Contrera mora em Parada de Lucas. Hugo Bhering (baterista) é cria da Ilha do Governador e Themys Barros (guitarrista) é morador do município de Itaboraí, no leste metropolitano do RJ. E ainda temos o baixista Emerson Mordien de São Paulo – que não pode estar no momento da entrevista. A galera faz uma mistura geográfica pra fazer a Revengin acontecer!

Revengin
Da esquerda para direita, os integrantes: Themys, Hugo, Thiago e Bruna. 
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Além de ser uma banda vinda da Periferia, os integrantes também não vivem da música, não. “Tudo é bancado pela banda. Nada é pago!” diz o guitarrista Themys. Das gravações até as turnês, a banda arca com a maior parte das dívidas. “A gente já teve que dormir no estúdio… A gente já teve que fazer tudo num dia, numa madrugada só”, conta o baterista Hugo sobre a gravação do primeiro álbum da banda.

Dos perrengues ao Rock in Rio

A trajetória da banda nunca foi fácil, mas a paixão pela música é o que os une sempre. Influenciados por diversas vertentes do rock, as referências musicais e a harmonia confiante do grupo é com certeza o que molda a identidade da Revengin. “Eu não queria parecer com nada. A música é totalmente o que vem de dentro”, conta Bruna Rocha sobre a construção da musicalidade da banda. “A gente nunca tocou pra ninguém, na verdade. A gente sempre foi do jeito que é e as pessoas passaram a gostar porque a gente foi autêntico”, complementa o guitarrista Thiago Contrera.

Essa autenticidade rendeu três álbuns incríveis: Synergy of the Ashes (2009), Cymatics (2014) e Inner Dark (2020); e um tour por diversos países da Europa em 2016. 

Durante o show no Complexo da Maré, a banda passou por mais um perrengue e precisou improvisar. Esse improviso impressionou o fotógrafo holândes Tom Deckers. E, no ano seguinte, a banda embarcou para uma apresentação na Holanda, mas acabaram fazendo uma turnê. Do convite do fotógrafo, veio outro convite e mais outro convite. No fim das contas, os metaleiros brasileiros barulharam a Hungria, Eslováquia, Alemanha e Polônia. Nesse último país, a surpresa:

“Na Polônia, o maior susto que eu levei foi um cara vir com um álbum nosso que a gente nem tem mais. O cara veio com o álbum do ‘Synergy’, uma pastinha com todas as letras e um cartaz enorme pra gente assinar”, contou o guitarrista Thiago sobre a surpresa de ter fãs do outro lado do mundo.

Toda essa experiência e o constante reconhecimento nas redes sociais levou ao convite pro Rock in Rio. No dia 2 de setembro, muito bem vingados, a banda encerrará o primeiro dia de apresentação no espaço Favela do RIR 2022. 

A seguir, você pode conferir um pouco da musicalidade incrível da banda:

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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