Oriundo de uma família que sofreu a escravidão, Paulo Cezar dos Santos Oliveira, é o caçula de oito irmãos. Teve uma infância difícil, até os sete anos de idade, vivia mais em hospitais do que em casa, devido à complicações de saúde. A mãe, chefe da casa, sempre foi muito dura e manteve vivo o conceito de que a única coisa necessária para um homem de bem é trabalhar pesado, ter calos nas mãos. Por ter crescido ouvindo isso, largou a escola cedo e decidiu buscar a tão sonhada liberdade.
Aos 18 anos, saiu da casa dos pais prometendo que não voltaria e foi morar com um dos irmãos mais velhos. A difícil convivência com a cunhada e problemas no trabalho, fizeram Paulo Cezar voltar os olhos para a vida que traz o dinheiro que ele chama de “rápido” e não “fácil”, como ouvimos por aí. O crime havia alcançado mais um jovem. Morador do Complexo do Alemão, natural de Minas Gerais, ele foi atrás do “chefe do morro”, na época o famoso “Orlando Jogador”, acreditando que conseguiria um emprego e foi surpreendido com a seguinte frase “Eu querendo sair e você querendo entrar? Para ‘mim’, não tem mais tempo… Você ainda tem opção!” No momento ficou frustrado, mas hoje entende o que foi dito. “Ah, se eu o tivesse ouvido…” Lamentou.
Ele acreditava que o único jeito de mudar de vida era entrando para o crime e frisa que seu foco sempre foi o dinheiro. Após o encontro com “Jogador”, descobriu que não precisava de autorização para pertencer ao tráfico. Passou sete dias seguidos sem dormir em uma boca na Vila Cruzeiro – Penha, sem se alimentar direito e consumindo drogas para permanecer acordado. Era o início de uma história marcada por dor, desilusões, dinheiro e drogas.
Teste 3
“Eu acreditava em uma parceria entre os bandidos, que eram amigos, se protegiam e vi que isso não é real. É cada um por si, todos representam perigo. Percebi que o tráfico me lembrava a vida na casa de minha mãe, onde existia um maioral que dava ordens. Eu queria liberdade e tudo aquilo estava longe de ser. Comecei a conhecer muita gente, entre eles, assaltantes. E aí, pensei: Não quero vender droga, o tráfico é ruim. Tudo que eu ganhava lá, era gasto em drogas. Comecei a dever a boca e não ter lucro nenhum. Assaltos era o que eu queria. Comecei a roubar carros.” Conta Paulo Cezar.
Num dado momento, todo o dinheiro ganho com os roubos de carro era investido no vício em drogas. Sem moradia, o jovem preferia perambular de barraco em barraco do que voltar para casa que deixou para trás. Acabou se envolvendo em confusões e resolveu fugir para Minas Gerais, onde atirou em sua primeira vítima, quando novamente praticava um roubo de carro. “Era um professor de Artes Marciais e eu muito magro, pelo uso das drogas, pedi a chave e ele que me atacou. Atirei e ele fugiu, mas tive que fugir também. Tentei roubar um outro veículo, dessa vez um caminhão e me dei mal. O dono viu tudo, acionou a polícia e eu fui preso. Fiquei 2 anos na cadeira.”
Em regime semi-aberto Paulo Cezar decidiu, mais uma vez, fugir, tendo São Paulo como destino, onde aprendeu a assaltar bancos, que se tornaria seu “grande negócio” alguns anos mais tarde. De volta ao Rio de Janeiro, decidiu largar o crime. Tirou novos documentos e arrumou um emprego como motorista. Novamente, acreditou que o único jeito de mudar de vida era conseguindo muito dinheiro, o que aquele emprego não lhe traria. ” Meu foco era o dinheiro e não matar ou machucar as pessoas. Passei um tempo analisando e estudando como assaltar bancos sem precisar matar ninguém. Consegui.”
Paulo Cezar começou a assaltar bancos no Rio de Janeiro em 2000 e 2 anos depois foi preso. Saiu da cadeia em 2010 , tentou suicídio e escreveu o livro “Renascido dos livros”, com lançamento previsto para esse ano. Hoje, Paulo Cezar dos Santos Oliveira, 45 anos, é um cara engajado que sonha em fazer a diferença, buscar seus direitos e o do povo. Um homem inteligente que transformou a dor e o vício em aprendizado. Ao olhar em seus olhos, o desejo de mudança a todo momento é vibrante. Muito comunicativo, está montando o projeto de vender livros de bicicleta pelas ruas do Rio de Janeiro. A história completa? Só o ajudando nesse jornada de restituição de vida. Garanto que vale a pena! O livro é vendido por R$ 20,00 e pode ser pedido pelo numero: (21) 98231-7055
“O crime aceita qualquer um, sem preconceito. A educação dada através do governo, não. Até lixo se reaproveita, porque não reaproveitar pessoas?”
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O primeiro que enviar um e-mail dizendo por que quer conhecer a história de Paulo Cezar, será presenteado.