O governo Witzel chegou declarando guerra contra a favela. A violência no Rio de Janeiro atingiu números ainda mais alarmantes no primeiro semestre de 2019 e podemos ver que as balas têm endereço certo: a favela.
O estudo realizado entre janeiro e junho pela Rede de Observatórios da Segurança revela fenômenos que estão em curso no estado. O bairro de Copacabana é a terceira região com maior número de ações de patrulhamento, entretanto, o quadro de crimes feito pelo CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) mostra que nessa região não há um alto índice de tiros ou mortes. Por outro lado, lugares como Bangu, Cidade de Deus e Penha aparecem no topo tanto no número de operações policiais com vítimas, como no número de registros criminais.
Com o argumento de combate ao tráfico de drogas, o Estado invade as favelas e atira à esmo. Nas operações da polícia, o uso de helicóptero como plataforma de tiro tem sido cada vez mais frequente. Até o dia 30 de agosto de 2019, a plataforma Fogo Cruzado registrou 5.489 tiroteios na região metropolitana do Rio. Durante esses tiroteios, 129 pessoas foram atingidas por bala perdida, das quais 36 morreram. Além disso, outros números que chamam a atenção são os de pessoas baleadas (57) e mortas (42) dentro de casa durante as operações até agosto.
Teste 3
O salto no número de vítimas comparado com o número de prisões e apreensões de drogas ou armamentos mostra que a política de segurança pública no Rio de Janeiro não tem a intenção de acabar com o narcotráfico e diminuir a violência no nosso território. No primeiro semestre deste ano foram registradas 731 mortes decorrentes de ação policial, um aumento de 20% em relação a 2018.
ONTEM: JACARÉ / HOJE DE MANHÃ: COMPLEXO DO ALEMÃO. / HOJE DE TARDE: COMPLEXO DA MARÉ.
No vídeo, helicóptero da polícia metendo bala numa área da Maré. Esses pontos COLORIDOS NO FUNDO, são varias escolas da região, no complexo educacional. 😡😓 pic.twitter.com/PspZTaaepE— Santiago, Raull. (@raullsantiago) 18 de setembro de 2019
Violação de direitos
Os tiroteios não só assustam, ferem e matam, mas também interrompem a rotina dos moradores. A cada operação policial há o fechamento de postos de saúde, escolas e comércio local. Não bastasse a falta de segurança, nós temos os direitos básicos restringidos e até violados, porque a polícia usa o nosso território como campo de guerra. E sim: a violação de direitos está cada vez mais presente. São inúmeros os relatos de furtos feitos por policiais, o uso de touca ninja e até PM com uma cabeça de cabra no uniforme a fim de intimidar. Além disso, os militares invadem as casas dos moradores para usar como trincheira e trocar tiros com os bandidos. Você consegue imaginar um policial entrando em uma cobertura no Leblon para fazer isso?
O Rio de Janeiro teve medidas extremas tomadas, como a criação das UPPs e a Intervenção Federal, e mesmo assim a violência no território da favela só aumentou. A pacificação foi apenas uma máscara para continuar violando direitos do favelado. E grande parte da mídia tradicional segue aplaudindo a barbárie como espetáculo. A política de segurança pública é apenas para uma parcela da sociedade e não podemos mais permitir que continue assim! A vida na favela importa e não pode mais ser vista como nada pelas autoridades governamentais. Ou o Estado muda a forma de atuação, ou continuaremos vendo casos em que a polícia mata cinco jovens em 80 horas no Rio.